O fogo do coração é um processo de Consciência.
Os principais obstáculos a este processo provêm da educação e das feridas (compreendidas ou não, reveladas ou encobertas), mas o obstáculo mais impeditivo e, por vezes, mais difícil de superar é o julgamento e a calúnia.
O julgamento focado no outro.
O julgamento focado nas circunstâncias.
Em resumo, todo o derivado da actividade discriminante da nossa mente e intelecto.
Uma criança não medita.
Uma criança não julga.
Uma criança define o seu comportamento no momento e não em relação às circunstâncias do passado. Ainda que violento, ele deriva do imediato. Ele não é calculado em função do interesse ou em função duma vantagem ou desvantagem.
As pessoas definem as suas acções umas contra as outras muitas vezes através de decisões acutilantes, radicais, derivadas dos seus próprios "cenários" (ilusões), dos seus sentimentos e percepções.
O julgamento afasta-nos do coração. O julgamento apaga a chama.
Voltar a ser como uma criança exige transcender as feridas e a experiência. Exige viver o momento.
Há que ser um bom observador de si mesmo e do mundo.
O poder de análise e de descriminação do intelecto leva-o a catalogar tudo com juízos de valor: o bem e o mal.
Transcender o bem e o mal não é fazer o bem ou o mal, é agir para além do bem e do mal.
Como é que se lá chega? Não julgando, não mexericando, não difamando quer as outras pessoas, quer as circunstâncias das nossas vidas.
Isso requer o regresso da criança e, em simultâneo, ser um adulto autónomo e consciente. Um adulto que ousa olhar o momento de frente com coragem, desprendimento e sem fingimentos.
Quer seja no relacionamento do casal, quer seja na relação entre o indivíduo e a sociedade, quer seja no trabalho.
O fogo do coração arde e resplandece no coração ligeiro e sereno.
Para conseguí-lo há que despojar-se, há que fazer a limpeza, há que examinar todos os ângulos, há que resolver os medos, os defeitos, as perdas.
Tudo é simples no coração.
Tudo é complicado na cabeça.
A personalidade está ligada ao medo, à vingança, ao sofrimento, à vitimização.
Quando o coração fala, ele dá-nos leveza.
Tornar-se responsável é sentir-se aliviado.
Agora é só escolher.
~ Anónimo