A encarnação do Amor Divino, o santo unido a Deus, pode dizer: «Cada um do nós é um Messias para uma quantidade de gente; nas nossas mãos encontra-se o Remédio para todos os males»[1], uma vez que “revela” ao discípulo quem ele em verdade é, conforme explica Ghazzâli: «Quando o homem se reconhece e conhece o seu Senhor, sabe que por natureza é um Ente Divino, que é um estranho no mundo corporal e que a sua descida a este mundo não está de acordo com a sua natureza essencial. Está esquecido e esqueceu o seu Senhor.»[2]
O diálogo que se estabelece entre o mestre e o seu discípulo vai assim permitir a este último reconhecer o divino em si mesmo. A partir daí, o “mestre exterior” e o “mestre interior” passam a ser um. Chegada ao fim da sua viagem, a alma já sabe que o guia que a auxiliou não está separado de si mesma, uma vez que toda a dualidade foi transcendida.
[1]Ibid, I, 47
[2]Ghazzâli, Ihyâ',III, 337 e seg.
in Jesus na Tradição Sufi, Cap. I de Faouzi Skali