Vem

Vem, vem, sejas tu quem fores
Não importa se és um infiel, um idólatra
Ou um adorador do fogo,
Vem, a nossa irmandade não é um lugar de desespero,
Vem, mesmo tendo violado o teu juramento cem vezes,
Mesmo assim, vem.

~Rumi


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Princípio de Partição

Observando a sociedade, qualquer que seja (tanto no Ocidente como no Oriente ou em países do Médio Oriente ou do Extremo Oriente ou ainda, mesmo, noutros continentes), é evidente que a sociedade humana está estruturada sob um princípio particular que eu denominaria um "princípio de partição".

Este princípio de partição é oriundo de certo número de mecanismos de funcionamento (oriundos, diretamente, do chamado livre arbítrio ou de ação/reação), exprimindo-se para além dos dados espirituais existentes neste mundo encarnado, e mesmo no funcionamento de todas as interações na sociedade tanto ao nível do indivíduo como do grupo.
Essa partição resultou num mecanismo de especialização da sociedade.


Esta especialização é ilustrada ao nível de cada ser humano através dos estudos (da chamada "educação"), mas, também, na partição de certo número de mecanismos de funcionamento da própria trama social e dos grupos de indivíduos entre eles.
Essa partição tornou-se tão evidente que foi preciso, de algum modo, mascará-la através de novos termos e de novos conceitos destinados a ignorar esse princípio de partição e de especialização da sociedade.
Desta maneira, o ser humano tornou-se, de certa forma, cada vez mais especializado e, eu diria mesmo, ultra especializado em dado domínio.

O princípio da especialização é um princípio que permite ter um ponto de vista cada vez mais limitado, mas, cada vez mais preciso, em algum domínio que o ser humano vai explorar ou que a sociedade vai explorar.


O conhecimento, cada vez mais profundo da matéria, da psicologia, fortaleceu de algum modo essa partição.
O resultado imediato foi o aparecimento de tecnologias (quaisquer que sejam), de uma matriz tecnológica que (como vocês observam com simples bom senso) vai cada vez mais contra as leis da natureza, as leis do que é observável na natureza (sem a intervenção humana) onde a regulação se faz de maneira espontânea.
Deste modo, então, esta especialização e essas mudanças, portanto, do ponto de vista da sociedade e dos seres que a compõem, resultaram sempre em mais fragmentação, mais partição.

Cada um (quer indivíduos, quer grupos sociais ou países) fechou-se, de algum modo, num mecanismo de funcionamento cada vez mais preciso, mas fazendo-o ignorar, literalmente, regras muito mais gerais.
Então, para mascarar isso, foi iniciado um movimento para que a consciência humana, a título coletivo e a tílulo individual, não pudesse duvidar, em momento algum, que esse bem estar tecnológico (essa partição) fosse exatamente isso.

fonte: Bing
Naquele momento, foi essencial quebrar, pouco a pouco, as barreiras existentes entre o países sob outras formas (as denominadas fronteiras), até fazer cogitar à consciência humana uma possibilidade ilusória de que, através desta especialização, ocorria exatamente o inverso da partição e, portanto, uma espécie de nova ordem, uma espécie de nova função que permitiria mais conforto e uma vida melhor através do conhecimento da tecnologia (através do progresso, no seu sentido o mais amplo).
Houve até alguns modelos psicológicos elaborados completamente em cima disto permitindo alegar que, desde que um ser humano tivesse satisfeito as suas necessidades fundamentais de sobrevivência, ele poderia, então, voltar-se para o Espírito.

Infelizmente, a experiência que vocês vivem, a título coletivo, mostra que não é verdadeiro de todo e que isso é absolutamente falso já que esta espécie de abertura é, de facto, apenas um isolamento camuflado, isolando cada vez mais os seres humanos no seu próprio universo, na sua própria dimensão e na sua própria especialização. 

fonte: 3.bp.blogspot.com
 Obviamente, a contribuição indiscutível de certo número de descobertas é acompanhada (e vocês vivem-no) de um desconforto cada vez maior já que o homem, pouco a pouco, foi submetido a forças totalmente involutivas (a despeito dele), robotizando e automatizando, de algum modo, a sua própria vida, afastando-o sempre mais da sua integração na natureza e nas leis que eu denominaria naturais.
Existe, portanto, nesta especialização, uma partição cada vez maior, propiciando uma ilusão perfeita de progresso para o ego (e para o ego social no seu sentido o mais amplo), mas, confinando, em nome da liberdade, numa segurança cada vez mais importante.
Aliás, como é que se pode falar de liberdade, em nome da segurança?
Ou há segurança, ou há liberdade.
Não pode haver as duas.
Deste modo, então, o corpo social da humanidade está aprisionado, cada vez mais, nas restrições, nesta hiper especialização e nas partições novas que, até agora, nunca havia estado presentes.
  
O resultado, então, é uma ilusão de liberdade que o mental apreendeu através da noção de segurança, de estabilidade, de segurança a todos os níveis (social, afetivo, financeiro), que apenas pode levar ao que vocês observam nesse momento.[...]
O ser humano vai passar o seu tempo a falar de ética, de moral, de certo número de conceitos, em concordância com o seu próprio mecanismo de pensamento de separação, culminando (como eu disse) no que vocês observam à vossa volta e vocês sabem perfeitamente que o que vocês observam à vossa volta (mesmo se o recusarem) está, de qualquer modo, inscrito em vocês, exatamente da mesma maneira.[...] 


A partição propiciou uma ilusão de liberdade através de algumas palavras e conceitos veiculados cada vez mais facilmente pela própria sociedade.
Há, de algum modo, uma forma de hipnotismo do indivíduo, de submissão a todos estes conceitos, aceites a título de crença, a título de evidência, como algo inelutável e inexorável.

Pouco a pouco, o corpo social da humanidade foi compartimentado, confinado e truncado.[...]  
fonte: noticias.terra.com.br


A Liberdade é-vos acessível apenas a partir do instante em que vocês aceitam que estão, vocês mesmos, compartimentados (ou fragmentados, se preferirem) ao nível da Consciência. [...]
A descompartimentagem apenas pode ser realizada por vocês mesmos e toda a Ilusão das religiões consistiu em fazê-los crer que a descompartimentagem seria trabalho de um salvador exterior.
Não existe qualquer salvador exterior.


Não existe instrutor do mundo.

Não existe salvador do mundo.

Existem vocês e vocês apenas.

Aceitar isso é já dar um grande passo para a eventualidade e a possibilidade da vossa própria descompartimentagem.

~Irmão K

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