Um antigo verso sânscrito diz:
«A Primavera já passou, o Verão já se foi e a Primavera voltou novamente. E a canção que eu queria cantar continua por cantar.»
Lembras-te de quando eras criança?
Eras inocente e puro. Estavas ciente de todos os teus dons.
Confiavas nas outras pessoas e tinhas fé em ti próprio.
O mundo era fértil, um espaço infinito de possibilidaddes.
Mas, depois, aconteceu qualquer coisa.
O teu objectivo tornou-se agradar aos outros: pensares, agires e comportares-te de uma maneira, não da tua eleição, mas da eleição das pessoas que te rodeiam - teus pais, teus professores, teus amigos. Acreditavas que a melhor maneira de assegurar o amor delas seria agir como elas queriam.
O processo de socialização tomou conta de ti e tu desonraste o teu ser verdadeiro em prol das crenças da sociedade.
Claro que há limites. Há que colocar limites ao comportamento de uma criança, mas não sobre o espírito de uma criança.
Temos de deixar as pessoas dançar ao seu próprio ritmo e sentirem-se suficientemente seguras para se revelarem como são diante de nós. Isso é amor incondicional: incentivar as paixões, amores e sonhos das pessoas, ainda que não concordemos com elas.
Queremos pertencer à tribo e fazer parte da comunidade. Valorizamos imenso o fazermos todos as mesmas coisas e pensarmos todos de maneira igual.
"Que irão dizer os vizinhos se o Joãozinho quiser ser poeta em vez de médico?"
Não raro, os pais em vez de criarem um ambiente seguro onde os seus filhos possam crescer como são, dizem-lhes o que devem ser quando crescerem para impressionarem os vizinhos do lado, por causa do medo de parecerem uns falhados se os seus filhos não se tornarem «pessoas de sucesso», de acordo com os parâmetros de sucesso definidos pela sociedade.
Mas, afinal de contas, o que é o sucesso?
É abraçar os valores que fomentam o que temos de melhor dentro de nós, independentemente das pressões externas da sociedade. É viver criando e percebendo o que é mais importante para nós e não para os outros. Foi assim que viveram os grandes mestres espirituais que nos procederam.
Quanto maior for a lacuna entre aquilo que tu és por dentro - o teu verdadeiro ser - e a maneira como te apresentas por fora - o teu ser social - maior será a infelicidade que sentes na tua vida. Este é o conceito de «Lacuna da Integridade».
Vê bem a espiral: à medida que te vais afastando das coisas de que gostas realmente, dos teus valores mais importantes, de sentires os teus sentimentos, de dizeres a verdade, vais lentamente fechando-te sobre ti próprio. A tua auto-estima cai a pique e a tua alma começa a ficar cheia de rugas.
A tua infelicidade aumenta. Tens menos energia, a tua criatividade diminui e deixas de ter paixão.
E que tal viveres em consonância com o que pensas, agires e sentires de maneira autêntica?
Fecha a lacuna!
Sê verdadeiro, sê autêntico, sê tu próprio! Inspira-te! Eleva a tua vida.
Já pensaste? Repara que só de pensares nisso já tens uma sensação profunda de alegria e paz dentro de ti.
Vá, vai. Vai à tua descoberta. Descobrires-te é descobrir o mundo.
~Adaptado de "O Santo, o Surfista e a Executiva" por Robin Sharma