Vem

Vem, vem, sejas tu quem fores
Não importa se és um infiel, um idólatra
Ou um adorador do fogo,
Vem, a nossa irmandade não é um lugar de desespero,
Vem, mesmo tendo violado o teu juramento cem vezes,
Mesmo assim, vem.

~Rumi


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Eu sou Um, tu és Um"

A encarnação do Amor Divino, o santo unido a Deus, pode dizer: «Cada um do nós é um Messias para uma quantidade de gente; nas nossas mãos encontra-se o Remédio para todos os males»[1], uma vez que “revela” ao discípulo quem ele em verdade é, conforme explica Ghazzâli: «Quando o homem se reconhece e conhece o seu Senhor, sabe que por natureza é um Ente Divino, que é um estranho no mundo corporal e que a sua descida a este mundo não está de acordo com a sua natureza essencial. Está esquecido e esqueceu o seu Senhor.»[2]
O diálogo que se estabelece entre o mestre e o seu discípulo vai assim permitir a este último reconhecer o divino em si mesmo. A partir daí, o “mestre exterior” e o “mestre interior” passam a ser um. Chegada ao fim da sua viagem, a alma já sabe que o guia que a auxiliou não está separado de si mesma, uma vez que toda a dualidade foi transcendida.

[1]Ibid, I, 47
[2]Ghazzâli, Ihyâ',III, 337 e seg.

in Jesus na Tradição Sufi, Cap. I de Faouzi Skali

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mantem-te no Centro

"Quanto mais distante estiveres do centro, mais perturbado estarás; quanto mais próximo estiveres do centro, menos perturbado estarás. Se estiveres precisamente ao centro, não haverá perturbação.

Num ciclone existe um centro que é impertubável. É precisamente no centro que não existe ciclone, um ciclone não pode existir sem um centro silencioso."

~Osho

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Caminho da Individuação

Individuação: processo que conduz o indivíduo à construção da sua identidade.

Video Vimeo, The red pill or blue pill (The Matrix scene)



Para Carl Gustav Jung a individuação é o grande sentido da vida.

O filme Matrix ensina-nos, ou apenas esclarece, o que já aconteceu para alguns de nós. A mudança de padrões e valores e a importância do Amor Compartilhado.


Trilhar o caminho da individuação significa deixar-se conduzir por uma sabedoria maior que Jung denominou Self (o si-mesmo), o centro ordenador e ao mesmo tempo a totalidade de cada um de nós.


Aquele que se individua diferencia-se da multidão inconsciente e adquire autonomia, tornando-se uma totalidade psicológica, autoconsciente, sem divisões internas: um “in-divíduo”. Para Jung, um futuro melhor para a humanidade dependerá de quantos conseguirem individuar-se, integrando o Consciente com o Subconsciente e com o Supraconsciente.


Vivemos na Matrix, um mundo onde todos estão a viver uma programação coletiva, imersos na massa inconsciente, como uma manada onde a individualidade é suplantada pelo coletivo, ou seja, pelos programas mentais desenvolvidos pelos diferentes Sistemas Organizados de modo Arbitrário, políticos, sociais e religiosos.


Um dia uma pessoa começa a desconfiar de que talvez exista algo mais e passa a procurar respostas às suas dúvidas. Passa a viver uma realidade pessoal que difere da realidade coletiva e, por essa razão passa a ser considerado diferente, rebelde, ou, herege.


A individualidade nascente sente-se dividida pois, ao mesmo tempo que a nova percepção e o novo nível de consciência o fascina e atrai, o velho mundo acena com as suas velhas e “seguras certezas” coletivas através dos Sistemas Organizados de modo arbitrário. Está estabelecido o conflito. Mais uma vez A Consciência pode sentir medo de prosseguir, tais as dificuldades que os demais estabelecem.


Os personagens que representam o novo estado de consciência têm de ser mais enérgicos e obrigam-no a “desrastrear-se”, a isolar-se. Depois, no auge do seu sofrimento psíquico, ao ser-lhe exposta a verdadeira realidade em que vivia, reluta uma última vez em aceitar a mudança.


Mas já é tarde.
Estava definitivamente transposta uma fronteira decisiva da sua transformação pessoal.


Não é fácil o processo de individuação. Conhecer e realizar toda a potencialidade de si mesmo requer coragem, perseverança e honestidade. São muitos os obstáculos que surgirão durante a jornada.


A maioria dos que são instigados a mergulhar em si mesmos acaba por desistir ante os primeiros desafios e retorna depressa às velhas seguranças das certezas conquistadas: o velho mundo, mesmo limitado e com todos os seus problemas, é mais fácil de viver que um mundo novo e desconhecido.


Mudar requer sempre disposição para reconhecer os próprios defeitos e isso dói. Dói desapegar-se daquilo em que sempre acreditamos, principalmente em relação a nós mesmos. Dói perceber que na verdade não somos perfeitos, que temos falhas e que, para prosseguir, temos de nos livrar delas. Autoconhecimento traz muitas dores, mas é a única estrada que nos pode libertar e levar à realização pessoal mais verdadeira, onde concretizamos toda a nossa potencialidade adormecida.


A nova Consciência está insatisfeita com a sua vida e vê surgir a grande oportunidade que sonhava. Vê que a sua intuição lhe dizia a verdade e que a realidade é bem maior. Conhece novas pessoas e idéias que a princípio parecem absurdas. O processo é difícil e várias vezes pensa em desistir, mas aos poucos habitua-se à sua nova auto-imagem. Com o tempo vê aflorarem novas forças e habilidades e sente-se cada vez mais confiante. No entanto, crer que é o Predestinado de que fala a profecia já é demais, não cabe.


Só mudamos se estamos insatisfeitos. Se não, por que mudar? Quando os nossos valores ficam obsoletos e as verdades em que críamos já não servem, a vida impõe-nos a transformação.


Intuímos que há algo errado na nossa vida, mas não sabemos precisar o que seja. Aos poucos, certos indícios se apresentam e já não temos como esconder de nós mesmos: o caminho está à frente e ele pede-nos uma confirmação. A vida far-nos-á passar por inúmeros testes, apresentar-nos-á pílulas azuis e vermelhas.


Precisamos estar atentos para seguir a intuição.
Ela sabe o caminho.


É nesses momentos decisivos que surgem os autoboicotes, tão comuns. Fingimos não ver. Fugimos de um exame de consciência e refugiamo-nos em velhas e cómodas “verdades”.


Várias vezes viveremos o dilema: o novo se apresentará e, os velhos hábitos nos chamarão de volta, esticando-nos incomodamente entre dois pólos que nos querem a todo custo. É sempre um instante delicado pois se continuamos a recusar-nos a enfrentar a verdade, a vida chegará a um impasse insuportável e seu curso natural será barrado. Vêm daí as doenças e fracassos como mecanismos da psique auto-reguladora para nos obrigar a uma interiorização, para repensar e retomar o rumo.


Velhos aspetos da personalidade, que já não nos servem, terão de dar espaço a novas forças.


As transformações são acentuadas, sim, mas somente enquanto as olhamos deste lado de cá, do lado do velho mundo. Depois de largarmos o medo de ser o que na verdade sempre fomos, a transformação revela-se um nascimento onde vemos a vida através de verdades mais úteis e abrangentes. Continuamos os mesmos, mas diferentes: sabemos exatamente quem somos.

É esse detalhe que nos distinguirá da massa inconsciente de si mesma.


Olharemos para trás e perceberemos que todas as quedas e traições que sofremos foram necessárias, nada foi em vão. Veremos que todos tiveram seu valor na nossa jornada, os que creram em nós e até os que nos traíram, cada um no seu papel, e que tudo sempre esteve interligado. É como se uma força poderosa e invisível estivesse sempre na condução dos factos, confiando em nós.


Chamam a essa força o nome de algum deus, Tao, mente cósmica, destino, Self (Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo). Chame-lhe o que quiser.

Essa força existe e aguarda apenas que cada um de nós, predestinados que somos, decida despertar de vez e sair da mesmice coletiva.

~Luiz Otavio e Prof. Dias

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Estar no Coração

O coração é inspirar e expirar.

O coração é contração e dilatação.

Mas, no ‘sentido espiritual’, ele é doação.

Encontrar o Ser é doar-se a si mesmo. É doar, não é tomar.

No entanto, a emoção não é o coração, ainda que o coração bata mais depressa ou mais devagar.


O coração, na sua Essência espiritual, é doação.

O coração, na sua Essência, é Serviço.



Serviço e doação são as duas vertentes da mesma palavra que é Amor.


O Amor é doação.

O Amor é Serviço.

O Amor é dar.

O Amor é jamais olhar ao que se recebe, nem tampouco ao que se dá.

O Amor é totalidade da doação.

Doação de si.

Doação de tudo.


Não te podes preencher se não deste tudo.


Para dares tudo, necessitas de abandonar os medos.

Para dares tudo, necessitas de abandonar todas as crenças sem exceção.


Encontrar o vazio - necessitas de te esvaziares para te preencheres.


O vazio vai ser encontrado fazendo a paz, vai ser encontrado encontrando a Alegria.

Para além da Alegria a da paz, é encontrado um espaço de vazio que é ‘Alegria da Presença’ e momento inefável do reencontro da Verdade da Fonte.

Os meios para chegar a este estado e para esta revelação são múltiplos, mas o ponto crucial final é sempre o mesmo: ele corresponde à tua doação total, à doação total do que crês.

A chave final é, portanto, o abandono, a doação, a doação de si, ao grande Todo.

~ Ram

vide Anotação O Silêncio da Postura

sábado, 1 de janeiro de 2011

Dar a Paz é Essencial

Dando a Paz, encontra-se a Paz
fonte: www.curaplanetaria.com




Tenham isto presente em vocês.

O que quer que lhes aconteça, o que quer que se manifeste, antes de mais, dêem a Paz.

Constatarão, então, que o que acontece tornar-se-á pacífico, não porque o "Fogo por Atrito" diminuirá, mas porque, dando a Paz, o que emana de vocês é a Paz, o que emana no interior de vocês é a Paz e, na Paz, tudo é Alegria.

Encontrarem a Paz, em vocês, no exterior de vocês, para darem esta Paz. Porque é dando a Paz que se encontra a Paz.

Quaisquer que sejam as circunstâncias não pacíficas, por vezes mesmo desagradáveis, manifestando-se a vocês, o mais importante é evitar entrar no que se chama de "reação".

A Paz é uma qualidade Vibratória.

Se vocês dão a Paz, vocês estarão na Paz, o que quer que vocês tenham a reencontrar.

O que quer que lhes aconteça, o que quer que se manifeste, em vocês ou no exterior de vocês, quaisquer que sejam as circunstâncias pessoais, sociais, afetivas, profissionais, circunstanciais da vossa vida, coloquem ali a Paz e, então, descobrirão que estarão na Paz.

O que se revela, se manifesta sobre a Terra, resulta da ação da Luz Vibral.

Os elementos não pertencentes à Luz Vibral, que são o Fogo do Éter, Fogo do Céu, Fogo da Terra, mas que estão sujeitos ao que se chama "Fogo por Atrito", podem manifestar Atritos cada vez mais fortes.

Isto pode referir-se a aspectos da personalidade, a aspectos da personalidade dos seres que lhes estão próximos, mas também às construções da personalidade existente nas diversas atividades humanas.

Dar a Paz é Essencial.

~ Aïvanhov

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