A paz do coração é algo que se conquista através do deixar ir, através do abandono, através do controlo do mental e, então, do abandono do mental.
A paz do coração é Alegria.
A Paz é uma forma de Samadhi, uma forma de Alegria interior silenciosa e imóvel, um estado de vazio.
Este estado de vazio precede o que é chamado de último Samadhi, o último, porque ele é, de facto, o último a ser vivido.
Este último Samadhi do qual nada pode ser dito, excepto que ele confere a total realização da Divindade num ser humano e faz o ser humano, em encarnação, um ser não só desperto, não só realizado, mas a caminho da imortalidade do corpo, da alma e da mente.
Poucos seres humanos alcançaram este último estágio que confere a imortalidade.
Esta Paz é o momento em que a saturação da Graça, a saturação da Alegria, começa a viver não no movimento do centro, mas através da imobilidade do centro.
Neste estado espiritual o Ser entende como é bom o seu mundo exterior ser móvel, transitório e efémero, e apresenta-se até nas suas relações em que nada dura para sempre. É a inconstância do Universo.
E este movimento da vida externa é frequentemente sinónimo de emoções, sejam elas quais forem.
Esta Paz Interior está além do movimento do centro.
Este estado de paz vai além da paz que se tem quando as circunstâncias da vida proporcionam calma, tranquilidade, sem que qualquer elemento anormal venha romper este equilíbrio.
A Alegria interior só pode ser alcançada graças ao abandono à Graça.
Ela é um momento em que a Graça irá concentrar para retrair literalmente, conforme se torna um ponto no centro do chacra cardíaco.
A grande vibração do chacra cardíaco parece parar e ainda não descer ao nível do ego, ao nível do plexo solar, mas é uma transmutação importante.
Esta Paz do Samadhi confere um estado espiritual que permite que a Graça também se propague aos Seres que estão ao seu redor.
Para se chegar à paz, exige-se uma atitude e um comportamento quotidianos de bondade e de serviço, que, no Oriente, se chama Bhakti Yoga. Consiste em cuidar, estar atento ao outro, ajudar o outro, nunca maldizer.
A devoção, o serviço para com a humanidade é o modo nobre que permite entrar na Paz da Alegria.
Por isso há que abandonar o costume de trabalhar com o mental e o ego, o costume de separar, dividir, julgar, dar opiniões sobre o outro e sobre as coisas.
Há que permanecer na neutralidade.
Tornar-se aquele que observa, sem julgamento, sem opinião, vivendo o instante presente, simplesmente vivendo o instante, para desenvolver o sentido de serviço, o sentido de doação.
Por é que acha que os maiores Mestres, em todas as tradições e em todas as épocas, insistiram nessa noção de servir ao outro?
O princípio da bondade consiste em observar, passar energia, dar atenção, um gesto, um comportamento de natureza amistosa, para com cada irmão e irmã que encontrar.
Se for difícil mostrar essa bondade perante alguns Seres, isso significa que é aí que está o desafio.
O desafio põe ênfase em si, e não nos outros, sobre o que não passou apesar de toda a energia divina que integrou.
Este desafio é a oportunidade de criar e revelar mais Paz Interior, a Paz da Alegria, a Paz do Samadhi.
Não se é capaz de alcançar a Paz Interior, a Paz da Alegria, ainda que saturado pela Graça, se não se puder servir à humanidade.
É extremamente simples.
Todo o auxílio dado, a partir do momento em que se recebeu a graça, mesmo que não seja reconhecido, mesmo que seja ridicularizado, irá voltar ao doador centuplicado, não numa vida futura, mas no instante e na eternidade.
É assim a vida na Unidade.
~Rama Krishna
[A transmissão da paz, da graça e da paz da Alegria ocorre através desta energia facultando (pelo que se chama exemplo e silêncio) o despertar de outras pessoas para a sua dimensão eterna.
É isto que deveria ser alcançado numa Missa (unir a sua Presença com a Presença de Cristo) não fosse a ausência de consciência elevada daquele que a oficializa.]