Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto e era desejável para abrir a inteligência. Agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu.
(Génesis 3, 6)
Recuando a Gn 2: 17, lê-se o aviso de Deus a Adão:
mas não comas o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás.
Adão pagaria o preço por introduzir a morte na criação divina, sendo a sua primeira vítima. Ele temia essa possibilidade da morte, embora não a conhecesse.
Adão deveria ter passado esse mesmo temor à sua companheira. Ele sabia que, sendo o responsável pelo jardim, o castigo da desobediência seria imputado a ele, pois somente ele fora instruído sobre isso.
Relata o Gn 3:6:
Agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu.
Adão estava, afinal, junto da sua mulher Eva, enquanto ela era confundida pela serpente. Adão ali estava a ouvir cada palavra da tentação.
Adão ao ver Eva comer do fruto proibido, não só não a admoestou nem a reprovou, como se calou e também comeu. Vendo que nada aconteceu a Eva aparentemente, não hesitou em comer do fruto.
Ele ouviu Eva citar incorrectamente a ordem de Deus que ele, Adão, lhe transmitira cuidadosamente. Ele estava presente quando ela começou a olhar a árvore proibida, viu-a apanhar o fruto, viu-a comer do fruto e nada fez, nada disse. Ele falhou para com aquela que era da sua carne. Falhou, na sua primeira luta espiritual, em representar Deus. Falhou como homem!
Ele não a avisou como a um ser a quem se quer bem, dizer algo como «A serpente está a enganar-te para te fazer pensar que tens mais a ganhar se desobedeceres a Deus do que se permaneceres fiel a Ele. É uma mentira! Deixa-me contar-te exactamente o que Deus me disse antes de te ter feito. Olha à nossa volta. Isto é o Paraíso e é para nós. Não temos nenhuma razão para duvidar da bondade de Deus”. E dizer à serpente, Satánas - «Afasta-te! É mau o que nos ofereces!»
Parece que esse desejo de comer do fruto já se aninhara no coração de Adão, a primeira tentação, pois confiou mais no que via com os seus olhos e na palavra que Eva pronunciara, do que no que Deus lhe tinha dito em Gn 2: 17. Eva foi a cobaia de Adão, ele serviu-se dela.
A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus (1Co 10: 17). Portanto, faltou a fé a Adão. Fraquejando na fé e duvidando da palavra de Deus, desobedeceu e também comeu do fruto proibido, tornando-se cúmplice de Eva e da serpente.
Desde Adão, todo o homem tem tido uma inclinação natural para permanecer em silêncio quando deveria falar. O homem sente-se mais confortável em situações nas quais sabe exactamente o que fazer.
Há que lembrar que Eva foi enganada pela serpente, mas Adão não (1 Tm 2.14). Ele sabia o que estava a acontecer.
Os homens têm um chamado singular para se lembrarem do que Deus disse e falarem de acordo, a adentrarem a perigosa incerteza com confiança e sabedoria que vem de ouvir a Deus. Em vez disso, como Adão, esquecem-se de Deus e permanecem em silêncio.
Porque atendeste à voz da tua mulher e comeste o fruto da árvore, a respeito da qual Eu te tinha ordenado: ‘Não comas dela’
(Génesis, 3, 17)
Procurarás apaixonadamente o teu marido, mas ele te dominará.
(Génesis, 3, 16)
Nota:
Também os rabinos dos primeiros séculos da
era cristã discutiram sobre que interpretação dar ao episódio da “costela” de Adão , e as
reflexões foram muitas e às vezes contrapostas. Uma delas era que talvez
Adão fosse um “andrógino” e que, depois da intervenção de Deus, se
diversificou em homem e mulher (Bereshit Rabba).
fonte:
O JARDIM VI – A omissão,
Onde Estava Adão Quando Tudo Começou?